segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

conceito de poesia aos 24 anos

depois do José Cabrera

não confie em ninguém
depois dos trinta they
say mas não publique
jamais até os vinte ou
vinte e dois sobram seis
anos talvez a não ser
que a citação seja "vinte
e sete" então sobram três
ou dois ou menos de um
mês pra escrever e publicar
com confiança um bom repertório
versos con tun den tes in
cisivos não faça versos ca
ninos a não ser que sejas
cazuza ou rimbaud corre o
risco de quedar muy bobo ou
menino esses versos de amor
feitos aos dezesseis quando você
tem ereções na aula de artes por
causa do rapaz ruivo que veio de
shorts e confunde a pica dura
com desejo suicida sai matando
as folhas de caderno e escreve
entre as pautas "você não
sabe o quanto bate/ nesta mão
meu coração" ou algo assim e nem
cogita que a paixão é um bolo
rubro de pentelhos atrás dos
quais escreves versos do brasil e
seus reversos com rimas óbvias
menino é melhor ficar ligeiro
livra o povo dos teus sentimentos
ninguém em jundiaí tem essa
panca toda desejada veda
a boca amarra os dedos coleta
as poucas boas sacadas para
o marketing que atesta nem
todo mundo é bom poeta.


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2 comentários:

júlia disse...

ah se foi mesmo aos dezesseis desde então você tinha mão pra cuidar do meu coração

Anônimo disse...

apenas para dizer que esbarrei neste poema e gostei do que me causou.

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